sexta-feira, 30 de março de 2012

O QUE É A DEMOCRACIA REAL E PARTICIPATIVA?




"Votar é abdicar. 
Não obstante, os escravos modernos sentem-se ainda cidadãos. Acreditam poder votar e decidir livremente quem conduzirá seus assuntos como se ainda pudessem escolher.

 Mas quando se trata de escolher a sociedade em que queremos viver, vocês acreditam que exista uma diferença fundamental entre a social-democracia e a direita nacionalista, na França, ou entre os democratas e os republicanos nos USA? Ou entre liberais e conservadores na Colômbia? Não existe nenhuma oposição, visto que os partidos políticos estão de acordo no essencial: a conservação da presente sociedade mercantil.

 Nenhum dos partidos políticos que possam ter acesso ao poder põem em questão o dogma do mercado. E são esses mesmos partidos que, com a cumplicidade midiática, se camuflam nas telas. Riem por pequenos detalhes com a esperança de que tudo continue igual. Disputam em saber quem ocupará os postos que lhes oferecem. 

Essas pobres crenças são difundidas por todos os meios de comunicação, com a finalidade de ocultar um verdadeiro debate sobre a escolha da sociedade em que queremos viver. 

A aparência e a futilidade dominam sobre o enfrentamento das idéias. Tudo isso não se parece em nada, nem de longe, a uma democracia. A democracia real, se define em primeiro lugar, antes de tudo, pela participação massiva dos cidadãos na gestão dos assuntos da cidade. É direta e participativa. Encontra sua expressão mais autêntica na assembléia popular e no diálogo permanente da vida em comum.

A forma representativa e parlamentar, que usurpa o nome da democracia, limita o poder dos cidadãos ao simples direito de votar, ou seja: a nada. Escolher entre cinza claro e cinza escuro não é uma escolha verdadeira. As cadeiras parlamentares são ocupadas em sua imensa maioria pela classe economicamente dominante.Seja da direita, ou da pretensa esquerda social democrata. Não tem que se conquistar o poder, tem que se destruí-lo. É tirano por natureza. Seja exercido por um rei, um ditador ou um presidente eleito.

A única diferença no caso da democracia parlamentar, é que os escravos têm a ilusão de escolher, eles próprios, o mestre que deverão servir. O voto os fez cúmplices da tirania que os oprime." (Da Servidão Moderna) jean-François Brient

sábado, 24 de março de 2012

QUE LIBERDADE OU QUE DEMOCRACIA VIVEMOS? A QUE LEGALIDADE ASSISTIMOS?

Quando as pessoas dizem ou pensam que vivem em democracia, quando dizem que a manifestação de 22/03/2012 bem como todas as anteriores eram legais, e por tal se chocam muito com a brutalidade policial nas mesmas. Quando dizem que em ditadura é que as manifestações são proibidas e reprimidas e somente lamentam os acontecimentos ou meramente se indignam com eles sem entenderem o seu real significado.

Quando dizem que só nos governos PSD é que se vê isto.
Tudo isto encerra em si um alto pensamento NAIF em política. Essa maneira de pensar da maioria das pessoas é perigosa por não ser suficientemente lúcida, acerca do que é politica. Elas não sabem, não entendem ou esqueceram, que o poder está nas mãos de uma classe, a classe dominate,a burguesia.É essa classe que reina e que oprime as restantes classes. Não há, por tal, nunca, mas nunca, neste quadro social, qualquer tipo de liberdade ou de democracia, são só concessões temporárias. Dai a ingenuidade política das pessoas, pelo facto de ainda não terem entendido isto e o memorizarem bem na sua mente. É como se elas pensassem que somos todos iguais em direitos, liberdades, garantias, poder económico, politíco e social. Nunca conseguem ver o essencial do problema, o de que à partida somos desprovidos do acesso a bens, à propriedade, à economia, á justiça e em tudo o mais, desde logo á nascença, em comparação com os que de facto nos governam e que possuem o essencial das riquezas do país.

A política é muito mais do que se possa imaginar. Não é um jogo em, ou na "democracia", porque não existe democracia alguma na sociedade. Nem é uma perspetiva de mudança, ou uma oportunidade para melhorar a sociedade ou as condições de vida das pessoas. Só porque existem partidos e eleições, ou porque nos deixam falar, ou porque nos permitem a "liberdade" de nos manifestarmos, isso não é e nem significa democracia.

Tudo isso é uma fachada.
O essencial está salvaguardado e enquanto o estiver, ou seja, o poder nas mãos da classe dominante, o jogo se vai jogando. Mas este “jogo” está viciado à partida, porque eles, a classe dominante, neste jogo do monopólio, do Carnaval Eleitoral e “democrático”, estão com a "banca" em suas mãos e subvertem o jogo, quando eles entenderem e sempre que o intendam.

Toda a governação, todo o governo feito mandante de todos, defende apenas e somente o mais importante, os privilégios de classe, a manutenção do poder nas mãos da classe burguesa dominante. Por isso é normal esta actuação. Não a vermos assim é sermos naif, ingénuos demais. Não há que buscar ver aqui ,qualquer carácter de legalidade ou de ilegalidade na manifestação.

Não é nesta dimensão que temos de analisar as coisas. Legal, seria ela ser feita em apoio de uma causa de todos, não contra alguém. Entenda-se que legalidade não é nos podermos manifestar, isso é um direito, direito que foi conquistado. Ainda que a classe dominante diga respeitar a "legalidade" deste tipo de manifestações, isso é uma falsidade. Ela apenas concede, por enquanto, esta aparente liberdade e aparente legalidade, que mais deve ser um direito, de nos manifestarmos, porque ainda não tem a força e o total apoio da opinião pública da parte dela para poder terminar com o direito que nos assiste á livre expressão, à livre associação e à livre manifestação.

No dia que a burguesia tenha o apoio da maioria da população e para tal não falta muito, tudo muda de figura. Deixa de haver legalidade, ou direitos, ou o que quer que seja de espécie alguma. O que temos, o presente momento vivido,  é apenas uma determinada conjectura, o que vivemos é um quadro conjectural temporário. Quando as forças que nos antagonizam, quando a classe dominante o conseguirem alterar, tudo vai ser diferente.

Claro que a luta está na rua, está no ar. Quem vai vencer esta luta, quem vai sair vencedor não sabemos, se nós se eles. Em última análise, a história dar-nos-á a vitória, porque não se pode contrariar a roda da história. A missão do inimigo é fazer com que ela ande o menos rápida possível. A nossa missão é fazer o contrário. Podemos perder esta batalha, não a vitória final do avanço da história. A luta ainda só agora começou! A luta, pode ser bem mais dura e mais prolongada. Deixem-se de ilusões e de ingenuidades! Se queremos participar na transformação da sociedade, temos de ser mais conscientes!