quinta-feira, 20 de setembro de 2012

LIBERDADE OU ILUSÃO? QUEM SAÍ A GANHAR COM O ACTO ELEITORAL?


A ilusão de que é possível às forças progressistas chegar um dia ao poder através de eleições, está muito difundida. Tal convicção é utópica e perniciosa!


Essa visão infantil e imatura politicamente, cria e criou ilusões na maioria dos povos. Isso tem evitado, ao longo de quase já um século, desde praticamente o final da II guerra Mundial, a luta frontal contra o sistema do grande capital. 


Em Portugal, são já passados 38 anos de ilusão, de frustração nas esperanças de uma evolução social, ou de uma revolução não só socialista, mas até democrática. 


Uma grande burguesia, dependente do poder financeiro mundial, mas muito mais sofisticada do que a anterior, mais intimamente ligada ao imperialismo, aos poucos e poucos se acercou do poder politico e reforçou o seu poder económico e de denominação dos mídia. 


Esta nova ascendente classe de burgueses, descendente da anterior geração de burgueses do tempo de Salazar e de Caetano, é muito mais persepicaz do que a anterior. Ela soube gerir a cena política nacional através das suas forças políticas mais representativa e a ela mais chegada, PS, CDS, PSD e ICAR.




Esta nova burguesia soube dominar e unir a corrente de pensamento do egoísmo patente no lucro e na exploração existente na sociedade, usando a sua capacidade de organização e controle da sociedade e implantando e mantendo intacto o seu sistema através da exploração e da imposição da sua filosofia de vida anti-humanidade. Uma religião, um poder empresarial e financeiro, um aparelho de estado repressivo e seus cães de fila dos partidos!


Ela encontra-se instalada no poder, ajudada e servindo-se de seus serventuais, os partidos políticos, cujo o povo elege por simpatia pessoal ou por simples crença no seu partido-Clube que lhes trará uma vida melhor. 


Não se discute, não se vota e não se constrói um programa de governação a ser implementado, vota-se na cor da camisola, vota-se no sorriso e na ilusão. 


O povo é injuriado pela oposição e pelas forças que se dizem progressistas o acusando da sua falta de interesse e da sua falta de inteligência. Aqui e em todo o caso é o poder, a classe dominante quem mais divide para melhor reinar. 


Seu jogo de pretensa liberdade de voto e de eleições livres, acabou levando o povo e forças ditas progressistas da sociedade a caírem no seu engodo da perpetuação do sistema de exploração do homem sobre o homem. 


Nem o povo, nem os partidos, nem as forças ou personalidades progressistas e democráticas que se reclamam, de progressistas, democráticas e até revolucionárias, entendem o logro em que caíram. Tal é a ânsia de uma vida e de uma sociedade melhor porque anseiam, que nem se dão conta que são como ovelhas, num redil de lobos. 


Sob alguns aspectos a luta contra o sistema em Portugal (é igual em quase todo, ou mesmo em todo o mundo) é hoje muito mais difícil do que na época da ditadura fascista de Salazar e Caetano, porque as condições subjectivas são menos favoráveis e muito mais dificil se torna definir onde está o inimigo comum a abater e porque unir e com quem forças contra o sistema, contra o regime. 



Para a burguesia o inimigo é simples de identificar, é o povo, as camadas mais baixas da sociedade que facilmente domina e todas as restantes camadas de classe da população, pequena, média e media alta classe. Ela nem tem de se preocupar com quem é seu inimigo, porque são todas as ditas camadas de classe.  À burguesia, basta-lhe apenas montar seu cenário organizacional de exploração de massas e em massa, da força de trabalho das restantes classe que interveiem na produção, nos sectores primário e nos serviços, sector terciário da actividade económica.



Já para o povo e a maioria da população a capacidade e a dificuldade de saber identificar e mesmo, entender que tem um inimigo de classe, que de forma cruel , de forma brutal e desumana o dirige e o explora, é muito mais difícil. Na maior parte dos casos, a maioria não entende , nem admite que existe uma tal classe que assim o domina. O povo vive na ilusão de que vive num regime democrático e muita culpa disso a tem os partidos que se dizem seus amigos.


O novo escravo, o escravo moderno, nesta moderna servidão, julga ser livre, não reconhecendo a existência do seu senhor e da sua servidão, não se dá conta de ser ainda o escravo de outrora! 


Se o povo, se as classes mais desprotegidas da sociedade, mal têm com que se suster, não é esta classe que mais incomóda, não sera ela que saberá como unir forças para de sua miséria saír e muito menos terá capacidades culturais, de educação para se oganizar na luta contra o sistema. 


Eles lutarão de forma anárquica, de forma individual, de forma criminal contra o sistema sem que disso se deem conta o estão combatendo pela forma errada. Muitos de seus filhos entrarão no mundo do crime e serão levados aos tribunais e ás prisões. 


É aqueles que tiveram acesso a uma educação e obtiveram o conhecimento, que caberá se erguerem na luta contra as maiores injustiças que a todos na sociedade, este sistema de coisas, a todos atinge. 




As instituições existentes e os partidos políticos, sobretudo os reclamados de oposição, PCP PS e Bloco de Luxo e a denominada Constituição da República Portuguesa (a qual tem sido alterada por sucessivos ataques-reforma da dita Constituição, cujo documento para a classe dominante e partidos politicos seus representantes, que tem chegado ao poder, PS, PSD e CDS, não passa de um simples papel que sempre que o queiram o rasgam e o substituem por outro mais torpe) levam milhões de portugueses, a maioria da cidadania, da cercania das cidades, das zonas urbanas e das cidades, a crer que o regime português é democrático e progressista.



Esses ingénuos pensam que o regime, a sociedade em que vivem, veio para ficar e durar, que apesar da miséria de vida volvida de novo, é possível pelo voto em eleições, no que julgam ser uma sociedade democrática, melhorar a sociedade e inclusive chegar ao poder, o tomando por dentro e fazer avançar a sociedade para um novo patamar social. 


Ora, no entanto, na prática vivemos sob uma ditadura da burguesia de fachada democrática, onde a exploração do homem sobre o homem é uma constante e uma galopante diária. Contudo, somente uma pequena minoria de portugueses desta realidade visível, mas invisível para a maioria da população, pelas razões mais diversas, dessa realidade tem consciência. 


O que se passou na sociedade portuguesa foi uma adaptação a uma nova ditadura, agora a dos partidos livres e antes ilegais, a ditadura do mesmo e sempre sistema capitalista da classe dominante burguesa, empresarial e financeira, a ditadura do Mercado Financeiro Mundial, (FMI, BCE e BM) através da ditadura da União Europeia.

domingo, 19 de agosto de 2012

A ACTUAÇÃO ERRADA E INACEITÁVEL DAS DITAS FORÇAS DE SEGURANÇA




A propósito de um assassinato de um pequeno criminoso na estação de Campolide, por agentes da PSP!





Muito mal vai a mente humana quando não se compadece com a morte de um seu semelhante.


Toda a morte de um ser humano é algo absolutamente lamentável e a todos deve exigir consternação. Não atender a princípios humanistas é fazer de nós uns absolutos “selvagens”. Este termo, o de selvagem nem tampouco se pode comparar ao que usamos para determinar outras espécies ou mesmo humanos que vivem ainda hoje em civilizações ditas mais atrasadas.

Congratularmo-nos, ficarmos satisfeitos com a morte de um qualquer de nossa espécie é corromper todos os princípios de homem civilizado, é ser pior do que as bestas.
Ninguém faz, e eu tampouco faço a apologia da defesa de criminosos, mas jamais poderei também defender aqueles criminosos que em nome da justiça matam outros criminosos, porque todos somos um ser, uma vida e a vida é a única coisa sagrada neste mundo e por tal ela deve ser respeitada.

Muitos dos que se regozijam pela morte de um jovem criminoso são por certo, católicos não praticantes,  pessoas que se dizem crer nos ensinamentos do catolicismo, que baptizam seus filhos, que efectuaram casamentos religiosos, que assistem a missas, que foram até crismados e veja-se a sua moral e conduta.

Outros dir-se-ão crentes apenas cristãos e outros crentes em Deus, pois sabemos que segundo as estatísticas assim as pessoas se intitulam em Portugal e no entanto veja-se a sua moral e seus princípios serem os de gente sem consciência ao se congratularem com a morte de um seu semelhante esquecendo que eles mesmo caso tivessem nascido naquele corpo e naquela família teriam feito exactamente o mesmo percurso de vida que o pequeno criminoso fez.

Esquecem essa pessoas que é o meio que faz o homem , que o homem é produto do meio em que foi criado. Esquecem que todo aquele que mata outro ser humano faz dele um criminoso, um assassino e que quem apoia assassinos é pessoa cúmplice com assassinatos.


Ninguém, sob que forma alguma, tem o direito de tirar a vida a outrem. Este é o principio do humanismo e não o da barbárie.


NÃO VOTEM MAIS EM PARTIDOS! NÃO VOTEM MAIS EM BRANCO OU EM "PRETO". A DITA DEMOCRACIA É SOMENTE A LIBERDADE DE ELEGERMOS OS NOSSOS PRÓPRIOS DITADORES, TRAIDORES E CARRASCOS!




Que importa quem ganhe as eleições?


Os partidos não são a solução mas parte do problema!

Noam Chomsky diz e com propriedade, com a razão de seu lado, que este sistema é o terrorismo institucionalizado, a causa de todos os nossos problemas. Ele pergunta muito justa e naturalmente, se não estamos de acordo com isso, então porque colaboramos com o sistema?

Não há volta a dar. O sistema é o que é e as eleições são o que são. Eu penso que as pessoas que sabem ou que querem ser coerentes não tem de fazer essas contas, mas persistir na sua coerência. Os outros o tempo os julgará...


Se não votar pode em nada contribuir para romper com o sistema, (o que discordo, uma vez que quem não vota, pelo menos de forma consciente, não está com o sistema), já votar é que é precisamente o contrário, é colaboração  com o sistema eleitoral e ilusório, pura e simplesmente, é o embarcar e o dar crédito a falsas promessas, criar, colher e semear ilusões muito prejudiciais.


Desta forma é que o sistema vai continuar porque alguns lhes dão crédito. Votar é apenas dar crédito ao sistema! Desprezar o sistema e o ostracisar é não votar!

E também me parece claro que se não votar possa implicar deixar tudo na mesma, votando muito e muito mais na mesma fica, porque lhes damos crédito, cheque em branco. Enquanto nós estupidamente persistirmos em votar nestes corruptos membros do sistema, eles se sentirão com a nossa palavra dada para continuarem a fazer o que fazem e vão fazer até muito pior, pois tem a nossa benção. Votar é idiotar!


Como se faz cair um sistema que têm a conivência das massas?


Mas porventura alguma o sistema tem a conivência das massas? O sistema tem é a conivência daqueles que com ele conluiem, pessoas e partidos que participam dando ao sistema a legalidade por ele pretendida.


E já agora como se faz mesmo cair um sistema

Bem, fazendo tudo menos nele votar!

Se votas no sistema é porque queres que ele permaneça...


Ao votarmos somente estamos a colaborar com o sistema, a dar-lhe credebilidade.

Devemos mostrar o nosso desprezo e desprezar a farsa que é o dito acto eleitoral. A forma de desprezarmos tal acto de burla política e de lhes deixar de dar crédito, é deixarmos de votar. 


Todos os partidos acabam sendo iguais. Eles representam o sistema e com ele colaboram!


jamais em tempo algum, o factor vitória eleitoral poderá conduzir ao poder, políticas que conduzam uma nação a bom porto, isso porque o poder económico é quem mais ordena e enquanto não houver transformações sociais ao nível do aparelho de estado, da grande propriedade privada e dos meios de produção, tudo o que se possa fazer é inconsequente. 
Só um ditador, tipo Caudillo, o fará mas de forma temporária e temporalmente. Assim que desapareça de cena o líder, tudo volta atrás.

Para que eficazmente não haja retrocesso, esses passos tem de se efectuar, mas com a participação da maioria na vida política, por isso, o educar políticamente é de tudo o mais importante.

Na Europa, jamais será possível um partido executar tal política, a de promover alterações no quadro político-social de forma profunda e difiniyiva, só porque vence as eleições. A não ser que a maioria da população participe de forma efectiva na vida política, tudo o que se fizer estará num futuro próximo, condenado ao retorno, ao passado, isso devido á inferência e interferência do poder económico que comparativamente a outros continentes, tem uma importância demasiadamente acentuada na sociedade.


O poder económico, o mundo financeiro, ele é que é o poder. O que ele ditar é o que é feito e só o que ele permite, é o possível.

O sistema é o mundo financeiro, o aparelho de estado e a sua superestrutura ideológica, o poder religioso. Se estes 3 pilares que sustentam o sistema que a todos causa a infelicidade, a miséria e a fome, não forem abatidos e substituídos por novas formas de organização social e política, com a implementação de uma verdadeira, de uma real, de uma participativa e directa democracia de todos e para todos, os problemas voltarão a suceder com o regresso ao passado.
 É tudo uma questão de tempo! Dê-se-lhes tempo e logo se erguerão das cinzas novos ditadores, novos algozes!
Não se mude de forma definitiva jogando por terra esses pilares da miséria social humana, já enunciados, e mais tarde ou mais cedo alguém promoverá o regresso ao caos social que é esta sociedade em que vivemos!
  Não precisamos de líderes, mas de um programa político votado e elaborado por todos nós.


Sabemos que um programa eleitoral ou de governação não pode na prática ser elaborado por todos, é quase impossível, senão mesmo impossível, assim como o de ele ser votado por todos. Todos temos essa consciência. Quando se diz tal, o que se pretende dizer é que ele tem de ser elaborado com a ajuda, com as sugestões da maioria, de forma a ser efectivamente o espelho da maioria. Não estamos fazendo demagogia. O mesmo é válido para a votação do que quer que seja, deve ser feito pela maioria e não como presentemente, que mal chega a 20% da população. Ainda assim, mesmo que o programa de que falo viesse a ser elaborado por 10% e votado por 30% da população, a grande vitória não seria, não estaria no número, mas antes na apresentação e sobretudo na aplicação daquilo que o programa eleitoral ou outro se propusesse. Ao contrário do que as falsas democracias fazem, que ou não apresentam programa conducente á vontade da maioria ou/e mesmo esse não o aplicam nunca.

Por isso era já um grande avanço, revolucionário mesmo, ou não o crêem?

terça-feira, 10 de julho de 2012

A sociedade portuguesa e o nível de desenvolvimento das mentalidades!



É o estadio de desenvolvimento económico-social que gera as mentalidades. A cada tipo de civilização, a cada estádio do seu desenvolvimento, corresponde um tipo de cultura e de mentalidade. O presente momento em Portugal a bem ver não se alterou muito ao anteriormente a 25 de Abril de 1974, pois que o país não sofreu desenvolvimento agrícola, industrial ou mesmo comercial que elevasse a sociedade a um novo patamar de desenvolvimento.



Não querendo dizer com isto que não tenha havido alterações de 25 de Abril para os dias de hoje, mas essas mesmas alterações não elevaram as referidas actividades económicas, antes as estagnaram. Então onde se verifica a diferença no desenvolvimento? Ele apenas se encontra no desenvolvimento urbano, estradas e instalações e aumento do volume de capacidade e desenvolvimento ou crescimento das cidades. Isso somente nos fez passar de uma sociedade agrícola para uma mais citadina, mas também promoveu o aumento de uma camada de classe instável, a pequena-burguesia, classe sem objectivos de vida que não seja a de ascender à média ou média alta-burguesia e nunca com pretensões ou verdadeiro desempenho revolucionário como os simples assalariados agrícolas ou operários da indústria. E é essa camada de classe que se denomina de pequena-burguesia a qual geralmente está associada ao chamado sector terceário da produtividade, comércio, serviços, pequenos proprietários, pequenos comerciantes e profissões livres, que representa a maioria da população.




Acontece é que muitas das culpas de o desenvolvimento das mentalidades de sectores dessa classe não se terem elas tornado exigentes e participativas da vida política, se devem ao divisionismo e até ao levar para lutas sem saída este sector de classe, por parte dos partidos e de o não saber aliar a camadas de classe mais progressistas, operariado e campesinato. Infelizmente quer campesinato quer o operariado quase não tem existência no nosso país devido ao abandono da industria pesada e do cultivo dos campos.


Quem fez do ponto de vista do não desenvolvimento do país foi de facto a governação PS e PSD a mando da UE. Mas as culpas a meu ver de tal se devem também à muito má ou mesmo contraproducente acção nada educadora das chamadas oposições de "esquerda". Quero eu dizer, o PS e O PSD, ou melhor ainda, a classe dominadora detentora do capital, só fez o que fez, por um lado, por ter bons serviçais, PS e PSD. Por outro, pelo facto dos trabalhadores e todas as restantes camadas da sociedade, não terem tido um partido ou uma oposição que os representasse, de forma a os conduzir em lutas, onde se opose-se de forma total eficaz, a tudo o que o grande capital veio fazendo através do PS e do PSD. Foi a meu ver, é a meu ver, na falta de uma verdadeira política progressista, democrática e mesmo revolucionária, que tudo foi permitido, porque a maioria da população até por tal se dividiu, dividiu-se na ausência de uma correcta direcção e na existência de uma falsa e estúpida direcção política dita de esquerda.


Os partidos ditos de esquerda, deseducaram, eles traíram, eles levaram as pessoas na sociedade para becos sem saída com políticas falsas de esquerda através dos sindicatos, aplicando antes políticas de interesse de seus partidos e nunca de verdadeiramente defesa de interesses dos trabalhadores. E é claro que denuncio nisto tanto o chamado PCP quanto o PS, partidos a meu ver de falsa esquerda. E eis o estado a que hoje por via de tudo isto e muito mais aqui chegámos!



terça-feira, 24 de abril de 2012

25 de Abril de 1974. O que foi? As razões do pronunciamento militar e os dias actuais!




O 25 de Abril foi um golpe de estado motivado pelo descontentamento de uma parte de militares, essencialmente capitães. Tratou-se de um golpe de estado do tipo palaciano. O tipo de movimentação das operações militares, a acção militar em si,  foi programada de forma a evitar a participação popular. Inclusivé, a todo o instante as rádios ocupadas pelos militares nesse dia 25 de Abril de 1974 difundiam consecutivamente desaconselhamentos à participação da população, indicando que a mesma  deveria permanecer em suas casas e não sair à rua.

 A participação de oficiais  neste golpe levado a cabo nesse dia, compunha-se na sua maioria e essencialmente à base de capitães, assumindo ele um cariz corporativo. O Movimento das Forças Armadas era patrocinado por oficiais de carreira que se opunham à anterior decisão de Marcelo Caetano em equiparar os oficiais milicianos aos oficiais de carreira. 

 Os capitães foram bem-intencionados, no entanto, o que os leva a fazer o pronunciamento é essencialmente o seu problema de carreira. Ainda que nesta análise tenhamos sempre de ter em conta a influência exercida sobre as mentes dos militares das condições conómicas paupérrimas vividas por toda a população portuguesa e do descontentamento politico e social vivido durante o regime fascista de Salazar e Caetano, por mais de 40 anos de ditadura.
Os capitães eram da classe de oficiais, os militares que menos recebiam, quem menos auferia e quem mais riscos corria na Guerra Colonial. 

Dito isto pode parecer estranho a muitos de nós, mas temos de ver bem o que ali naquele dia sucedeu, não esquecendo todo o movimento e suas origens, bem como os acontecimentos posteriores e até do próprio dia, onde as massas populares precipitaram os acontecimentos um pouco mais para lá do previsto e desejado pelos militares.

Poucos sabem que não fazia parte do programa do chamado Movimento das Forças Armadas e da acção daquele dia 25 de Abril de 1974, a extinção da PIDE/DGS, a polícia política do regime fascista. Foram os populares, foi a luta do povo, que fez com que a polícia política do regime fosse derrubada para sempre. Inclusive, alguns desses populares que cercaram e exigiram o fim da policia politica em Lisboa, na Rua António Maria Cardoso, haveriam de constituir as únicas vitimas mortais desse longinquo dia de Abril de 1974. Essa acção dos populares obrigou e forçou a intervenção dos militares nesse sentido, obrigando a que as acções do MFA fossem mais longe, que o pronunciamento fosse mais revolucionário pois a população exigia que os prendessem e os julgassem.
Não esqueçamos que após a prisão dos esbirros da polícia-politica, do Estado Novo, do regime fascista de Salazar e de Caetano, a PIDE-DGS, breves meses depois, eles se "evadiram",  ou seja, ignóbilmente os soltaram da prisão de Alcoentre onde se encontravam e sem que as forças governamentais e policiais alguma vez mais fizessem algo para os voltar a encarcerar e julgar acima de tudo. Portanto, eles foram soltos, deixados evaporar ao sair do país, sem que qualquer força policial ou militar tenha exercido algum gesto na sua recapturação.
Nunca algum agente da PIDE-DGS foi sequer julgado e nem viu sequer emitido um mandato internacional pela sua captura.
No entanto, se fossem presos de delito comum é sabido que os haveriam de perseguir até à sua captura.

Porque nunca foram julgados, quer a policia politica quer os dirigentes máximos do regime fascista?

 Esses esbirros fascistas saíram impunes, muito graças ao pactuar de partidos tais como o PCP e o PS. Quem desconhece que esses partidos fizeram desaparecer todas as fichas da policia politica a qual em muitos casos os incriminaria?

Sabe-se que alguns desses  ficheiros foram, mais tarde divulgados através do PCP, partido que mais tarde as haveria de enviar para Moscovo, mas só divulgaram fichas de quem lhes convinham e sonegaram as que os encriminavam.
Não se pode dizer que o povo apoiou o movimento, o golpe de 25 deAbril de forma massiça, mas sim, que  participou  posteriormente nos acontecimentos ao ponto de transformar o golpe de estado do dia 25 de Abril num movimento revolucionário. Durante mais de um mês, em Lisboa, a população seguiu perseguindo e prendendo muitos agentes da PIDE que não havim sido encarcerados e mesmo a sede da PIDE só foi assaltada pelo MFA no dia 26 de Abril, ou seja, só no dia a seguir ao 25 de Abril acabaram por prender os esbirros dessa policia politica devido à exigência dos populares. É este o momento, o da entrada em cena da população, da participação dos populares que vai obrigar o movimento, o golpe, a ir um pouco mais longe, a ser mais profudo do que o previsto e do que o desejado pelos próprios capitães. E é esta participação popular, a este facto, ao de a população lisboeta ter participado nos acontecimentos, impulsionando e obrigando os militares a tomarem acções contra a plicía politíca do regime do Estado novo que leva muitos analistas e acima de tudo muitos ingénuos, a afirmarem que em 25 Abril de 1974 houve uma revolução.  

Ao golpe de estado desse dia de Abril  se pode lhe atribuir algo de romântico e de popular, mas o mesmo nunca passou de um golpe de estado. O poder de facto somente passou das mãos de um sector da burguesia, a burguesia assassina e torcionária da extrema direita nacionalista exacerbada, a clique  fascista de Salazar e Caetano, para outro sector da mesma classe de burgueses, a alta burguesia moderada, mas igualmente exploradora das restantes classes e camadas de classe, sobretudo das classes mais desvaforecidas, pequeno-burguesia, operariado, assalariados agricolas, classe média e média baixa.
No entanto, não se pode negar que para além da motivação corporativista há também uma preocupação política e social no desenvolvimento do golpe. Só que os militares não tinham a suficiente instrução política e organizacional para irem mais além e por isso acharem que deviam entregar o poder nas mãos de patentes militares de oficiais superiores.

E foi esse de facto o grande erro. Aos poucos e poucos o poder foi sucessivamente ameaçado de mudar de mãos para outros sectores da sociedade, mas quem acabou por o obter definitivamente e o consolidar, foi o extracto de classe médio burguês representado por Ramalho Eanes.

O general Ramalho Eanes, um burguês democrata, em 25 de Novembro de 1975, através do contra movimento encetado nesse dia contra as movimentações do PCP e dos seus partidos satélites, consolida o poder nas mãos da burguesia, mas agora nas mãos de outro sector de classe, não a burguesia assassina ultraconservadora e fascista de Salazar e de Caetano, mas a da média burguesia democrata burguesa e da alta burguesia financeira em expansão.

Mais tarde os sectores da classe dominante, a alta média e alta burguesia vão entrar no poder de estado e financeiro, consolidando suas posições quer num quer noutro poder pela mão dos partidos que ascenderam ao poder após escrutinio popular viciado. Os governos PS, PSD e CDS, no poder fazem leis que vão permitir as entregas de propriedades, de bens e de empresas, da banca antes nacionalizada e a voltando a privatizar de novo, deixando correr tudo tal como correu até aos dias de hoje, nesta farsa de democracia, na mistificação da verdadeira democracia.
 

Passámos desde então, a viver a farsa da"democracia" que nos concedeu a possibilidade de escolher nossos próprios ditadores e algozes. O Carnaval Eleitoral das promessas, permitiu-nos somente essa falsa e ténue “liberdade”, a de podermos abertamente falar e a de votar em quem bem eles entendem, não em quem de facto nos governe de forma verdadeiramente democrática e progressista, tudo para que a politica promova governos sem prejuízo ou riscos do poder para a burguesia e seus interesses, de forma a evitar, de forma a contornar a possibilidade do risco  de algum rumo na sociedade no sentido do progresso, no avançar para medidas que democratizem verdadeiramente a sociedade, que terminem o corrupto e explorador sistema do mundo financeiro agióta.

 Nessa pretensa liberdade conquistada em Abril, melhor dizendo do que dela haveria de decorrer, do que haveria de suceder, da sua herança social e politica, acabaria essa falsa liberdade também por dividir um povo e uma nação com a criação de partidos politicos e sua nefasta actividade de governações sucessivas desastrosas até aos dias de hoje, bem como pela divisão que eles acabaram por criar no seio da população e da opinião pública.

 Hoje estamos divididos por inúmeras correntes de opinião que são representadas nos partidos. Assim, o que uns pensam ser democracia, é apenas a existência livre de partidos e de correntes de opinião. Os partidos são de facto o fosso da divisão da população portuguesa. Democracia não pode ser divisão do povo. A democracia não é, não pode ser, termos somente a liberdade de falar e de quatro em quatro anos votarmos. As eleições, a lei eleitoral foi maquinada de forma a serem sempre os mesmos os encedores das eleições e sempre em alternancia resultarem governos ora do PS ora do PSD, bipolarizando falsamente a sociedade entre campos falsamente antagónicos e falsamente reprsentativos de extratos ou de camadas sociais, com a agravante de suas politicas serem iguais e igualmente contraproducentes.

Democracia é união e os partidos não unem, desunem. A classe dominante burguesa sabe disso e aproveita para dividir e poder melhor reinar.
A burguesia somente nos concedeu não a democracia,, mas  a ilusão democrática, a alegoria mistificada de democracia!  Enquanto isso ela salvaguarda para si o mais importante, o dominio do poder politico e económico matando dois coelhos de uma só cajadada. Dividem-nos astutamente através da "cedência" de “democracia” a qual consiste somente na legalidade da existência de partidos politicos, iludem a população e mantem o poder politico e económico.
A democracia não é nem pode ser somente podermos votar em partidos de 4 em 4 anos! Desde que não tenhamos um só partido, uma só opinião contra a classe dominante, mas vários partidos e várias opiniões e rumos contra a dita “democracia” , desde que divididos na luta que devia ser comum e unida contra o seu poder burguês, ela, a "democracia" subsiste, mas só em palavras. No dia em que porventura houver uma frente comum do povo contra este estado de coisas, de imediato é suspensa a falsa democracia e volta a velha ditadura.

 E é nessa ilusão que muitos pensam que estão vivendo em democracia e que outros nos tentam disso convencer ao mesmo tempo que o poder segue intacto nas mãos da mesma classe que representava Salazar e Marcelo Caetano,  ou seja, a burguesia. Ele, o poder, apenas mudou de um sector de classe para outro. A exploração segue na mesma e não existe de forma alguma verdadeira democracia, verdadeira justiça e verdadeira igualdade de oportunidades, tudo não passa de um embuste para nos fazerem acreditar que é possível viver em paz e no progresso social, sem necessidade de recorrermos ao que em pé de igualdade todos temos direito, a distribuição e acesso a todas as riquesas nacionais e o direito à igualdade de oportunidades.

Temos vivido desde 25 de Novembro de 1975, altura em que o poder se consolidou de vez nas mãos da classe dominante, através da acção do General Ramalho Eanes, num misto de Carnaval Eleitoral e de falsa democracia, de falsas promessas eleitorais, numa paz podre, de aparente trégua social, onde os homens de negócios do grande capital e seus representantes na Assembleia da República,  PS e sobretudo o PSD e CDS, paulatinamente tem retirado à maioria de todos nós, ao povo, os direitos liberdades e garantias que haviam sido conquistados não só pós 25 de Abril, como em mais de um século de lutas anteriores. 
Enquanto isso, o poder burguês não só se mostra incapaz de desenvolver a sociedade a novo patamar da civilização, como se verifica ser, burocrata, manipulador, corrupto, ditatorial e obsoleto.

Nós, a maioria dos cidadãos, somente temos a liberdade de falar e de votar. Os membros da classe dominante tem a liberdade de criar dificuldades e entraves no mundo do emprego, de destruir o que resta de um frágil Serviço Nacional de Saúde, de destruir o ensino geral e gratuito e o seu acesso aos filhos das familias mais pobres, destruir o serviço de transportes encarecendo-os e descaracterizando as empresas, sucedendo o mesmo em todos os demais sectores da sociedade. Tem ainda a classe dominante, a liberdade de manipular eleitoralmente a sociedade e seus cidadãos, através de arranjos a que chamam de constitucionais. O poder burguêse seus servidores tem a liberdade de desviar dinheiro de tudo que é estado e empresas. Tem a liberdade de carregar com as suas polícias se nos manifestamos nas ruas e nos prendem e nos julgam de igual forma, fazendo-nos passar por terroristas e desordeiros. 

E é isto, o que muitos pouco inteligentemente, acham ser a democracia!

sexta-feira, 30 de março de 2012

O QUE É A DEMOCRACIA REAL E PARTICIPATIVA?




"Votar é abdicar. 
Não obstante, os escravos modernos sentem-se ainda cidadãos. Acreditam poder votar e decidir livremente quem conduzirá seus assuntos como se ainda pudessem escolher.

 Mas quando se trata de escolher a sociedade em que queremos viver, vocês acreditam que exista uma diferença fundamental entre a social-democracia e a direita nacionalista, na França, ou entre os democratas e os republicanos nos USA? Ou entre liberais e conservadores na Colômbia? Não existe nenhuma oposição, visto que os partidos políticos estão de acordo no essencial: a conservação da presente sociedade mercantil.

 Nenhum dos partidos políticos que possam ter acesso ao poder põem em questão o dogma do mercado. E são esses mesmos partidos que, com a cumplicidade midiática, se camuflam nas telas. Riem por pequenos detalhes com a esperança de que tudo continue igual. Disputam em saber quem ocupará os postos que lhes oferecem. 

Essas pobres crenças são difundidas por todos os meios de comunicação, com a finalidade de ocultar um verdadeiro debate sobre a escolha da sociedade em que queremos viver. 

A aparência e a futilidade dominam sobre o enfrentamento das idéias. Tudo isso não se parece em nada, nem de longe, a uma democracia. A democracia real, se define em primeiro lugar, antes de tudo, pela participação massiva dos cidadãos na gestão dos assuntos da cidade. É direta e participativa. Encontra sua expressão mais autêntica na assembléia popular e no diálogo permanente da vida em comum.

A forma representativa e parlamentar, que usurpa o nome da democracia, limita o poder dos cidadãos ao simples direito de votar, ou seja: a nada. Escolher entre cinza claro e cinza escuro não é uma escolha verdadeira. As cadeiras parlamentares são ocupadas em sua imensa maioria pela classe economicamente dominante.Seja da direita, ou da pretensa esquerda social democrata. Não tem que se conquistar o poder, tem que se destruí-lo. É tirano por natureza. Seja exercido por um rei, um ditador ou um presidente eleito.

A única diferença no caso da democracia parlamentar, é que os escravos têm a ilusão de escolher, eles próprios, o mestre que deverão servir. O voto os fez cúmplices da tirania que os oprime." (Da Servidão Moderna) jean-François Brient

sábado, 24 de março de 2012

QUE LIBERDADE OU QUE DEMOCRACIA VIVEMOS? A QUE LEGALIDADE ASSISTIMOS?

Quando as pessoas dizem ou pensam que vivem em democracia, quando dizem que a manifestação de 22/03/2012 bem como todas as anteriores eram legais, e por tal se chocam muito com a brutalidade policial nas mesmas. Quando dizem que em ditadura é que as manifestações são proibidas e reprimidas e somente lamentam os acontecimentos ou meramente se indignam com eles sem entenderem o seu real significado.

Quando dizem que só nos governos PSD é que se vê isto.
Tudo isto encerra em si um alto pensamento NAIF em política. Essa maneira de pensar da maioria das pessoas é perigosa por não ser suficientemente lúcida, acerca do que é politica. Elas não sabem, não entendem ou esqueceram, que o poder está nas mãos de uma classe, a classe dominate,a burguesia.É essa classe que reina e que oprime as restantes classes. Não há, por tal, nunca, mas nunca, neste quadro social, qualquer tipo de liberdade ou de democracia, são só concessões temporárias. Dai a ingenuidade política das pessoas, pelo facto de ainda não terem entendido isto e o memorizarem bem na sua mente. É como se elas pensassem que somos todos iguais em direitos, liberdades, garantias, poder económico, politíco e social. Nunca conseguem ver o essencial do problema, o de que à partida somos desprovidos do acesso a bens, à propriedade, à economia, á justiça e em tudo o mais, desde logo á nascença, em comparação com os que de facto nos governam e que possuem o essencial das riquezas do país.

A política é muito mais do que se possa imaginar. Não é um jogo em, ou na "democracia", porque não existe democracia alguma na sociedade. Nem é uma perspetiva de mudança, ou uma oportunidade para melhorar a sociedade ou as condições de vida das pessoas. Só porque existem partidos e eleições, ou porque nos deixam falar, ou porque nos permitem a "liberdade" de nos manifestarmos, isso não é e nem significa democracia.

Tudo isso é uma fachada.
O essencial está salvaguardado e enquanto o estiver, ou seja, o poder nas mãos da classe dominante, o jogo se vai jogando. Mas este “jogo” está viciado à partida, porque eles, a classe dominante, neste jogo do monopólio, do Carnaval Eleitoral e “democrático”, estão com a "banca" em suas mãos e subvertem o jogo, quando eles entenderem e sempre que o intendam.

Toda a governação, todo o governo feito mandante de todos, defende apenas e somente o mais importante, os privilégios de classe, a manutenção do poder nas mãos da classe burguesa dominante. Por isso é normal esta actuação. Não a vermos assim é sermos naif, ingénuos demais. Não há que buscar ver aqui ,qualquer carácter de legalidade ou de ilegalidade na manifestação.

Não é nesta dimensão que temos de analisar as coisas. Legal, seria ela ser feita em apoio de uma causa de todos, não contra alguém. Entenda-se que legalidade não é nos podermos manifestar, isso é um direito, direito que foi conquistado. Ainda que a classe dominante diga respeitar a "legalidade" deste tipo de manifestações, isso é uma falsidade. Ela apenas concede, por enquanto, esta aparente liberdade e aparente legalidade, que mais deve ser um direito, de nos manifestarmos, porque ainda não tem a força e o total apoio da opinião pública da parte dela para poder terminar com o direito que nos assiste á livre expressão, à livre associação e à livre manifestação.

No dia que a burguesia tenha o apoio da maioria da população e para tal não falta muito, tudo muda de figura. Deixa de haver legalidade, ou direitos, ou o que quer que seja de espécie alguma. O que temos, o presente momento vivido,  é apenas uma determinada conjectura, o que vivemos é um quadro conjectural temporário. Quando as forças que nos antagonizam, quando a classe dominante o conseguirem alterar, tudo vai ser diferente.

Claro que a luta está na rua, está no ar. Quem vai vencer esta luta, quem vai sair vencedor não sabemos, se nós se eles. Em última análise, a história dar-nos-á a vitória, porque não se pode contrariar a roda da história. A missão do inimigo é fazer com que ela ande o menos rápida possível. A nossa missão é fazer o contrário. Podemos perder esta batalha, não a vitória final do avanço da história. A luta ainda só agora começou! A luta, pode ser bem mais dura e mais prolongada. Deixem-se de ilusões e de ingenuidades! Se queremos participar na transformação da sociedade, temos de ser mais conscientes!